Economia Solidária!
""Negócio formal mais perto das comunidades.
Mais de 1,7 mil saíram da informalidade nas UPPs, mas falta de capacitação e crédito desafiam sua sobrevivência.
Mariana Durão
Publicado:
Quase dois anos após o início da instalação das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs), a formalização ainda é uma realidade
distante para a maioria dos pequenos comerciantes das favelas do Rio. Se
em toda a cidade 70% da economia são de origem informal, nas
comunidades (pacificadas ou não), o índice chega a 90%. Levar a presença
do Estado para além da ocupação territorial continua sendo um desafio,
mas a Prefeitura do Rio comemora os resultados do Empresa Bacana. Em um
ano e meio, o programa formalizou 1,7 mil negócios em 12 das 19 áreas
pacificadas. A meta agora é avançar em favelas recém-ocupadas, caso de
Mangueira e Rocinha, e voltar às demais para garantir a sobrevivência de
seus empreendedores.
Parceria do Instituto Pereira Passos (IPP) com o Sebrae-RJ, o mutirão ajuda donos de antigos comércios locais, como salões, bares e mercearias, a tirar o CNPJ e conseguir o alvará municipal. A mudança para o status de Empreendedor Individual (EI) significa a inclusão no sistema de Previdência Social e a possibilidade de vender para outras empresas, além de facilitar negociações com fornecedores.
Negócios em UPPs terão censo em 2012
— Em alguns territórios, praticamente dobramos o número de empreendimentos formalizados. Pode ser pouco do ponto de vista absoluto, mas do ponto de vista relativo é significativo — diz Ricardo Henriques, presidente do IPP, que responde também pelo projeto UPP Social.
Henriques diz que o Empresa Bacana está em fase de ajustes para atuar mais na pré e pós-formalização. Primeiro, sensibilizando moradores das vantagens jurídicas e econômicas de aderir. Depois, acompanhando e dando subsídios para que seus negócios não entrem na lista dos que voltam para a informalidade. Para isso o Sebrae criou iniciativas como o "Me formalizei. E agora?", com oficinas como planejamento financeiro e técnica de vendas.
Dono da Pizzaria Dugui, no Borel, Cristiano Rocha viu seu negócio crescer após a pacificação da favela. Em alguns fins de semana ele entrega até cem pizzas por dia, 80% para moradores da Tijuca. Aos 32 anos, ele conta que optou por se formalizar para conseguir uma máquina de cartão de crédito e atender melhor às encomendas do asfalto. Mas reclama da dificuldade em obter crédito como Empreendedor Individual:
— Preciso de R$ 15 mil para reformar a loja e começar a servir rodízio de pizza, mas o banco não aprova o empréstimo. Meu limite de crédito é maior na minha conta pessoal.
Na análise de Henriques, do IPP, o desenvolvimento do microcrédito produtivo orientado depende menos de recursos — já que parte do compulsório é destinado a ele — e mais da criação de uma cultura bancária voltada ao pequeno empreendedor. Ele destaca que a ascensão das classes C e D abriu um grande mercado consumidor para as microempresas, um mercado de grande potencial mas pouco alavancado.
— Indiretamente, o crediário de grandes lojas funciona como crédito à produção do pequeno empreendedor. Para competir, o banco terá que investir muito no agente de crédito que fideliza o tomador e trabalha no aval solidário — diz Henriques.
Coordenadora de programas do Sebrae-RJ em comunidades pacificadas, Carla Teixeira, diz que faltam dados precisos sobre o empreendedorismo nas favelas. Hoje, a ação do governo se baseia em dados do censo empresarial do PAC em Manguinhos, Alemão e Rocinha. Uma pesquisa encomendada pelo Sebrae ao Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) pretende responder a perguntas como perfil de clientes, fornecedores, gastos e serviços utilizados pelos empresários locais. O resultado de entrevistas com quatro mil pessoas sai em junho de 2012. Já a pesquisa qualitativa tentará apurar o potencial empreendedor dos jovens, casos de sucesso e o impacto da UPP nos negócios.
— Vamos mapear vocações e oportunidades de negócios nas comunidades, que podem ganhar polos nos moldes dos bairros da Lapa e de Botafogo — diz Carla.
Rio ganha linha estadual de microcrédito: Investe-Rio vai liberar R$ 1 milhão
A Secretaria estadual de Trabalho e Renda e a Investe-Rio assinam hoje, em evento da Semana Global do Empreendedorismo, no Circo Voador, um convênio para a oferta de crédito a microempreendedores. A linha terá R$ 1 milhão em recursos da agência de fomento, para capital de giro e investimentos em ampliação.
A ideia nasceu da constatação de que a busca de crédito junto ao sistema financeiro ainda é um entrave, diz o secretário de Trabalho, Sérgio Zveiter:
— A preocupação é com a geração de emprego e renda e formalização dos negócios, em especial nas UPPs.
Os postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) farão o cadastro preliminar para a contratação dos empréstimos, que irão de R$ 300 a R$ 6 mil. Os juros variam de 1,25% a 1,30% ao mês, com prazo de até 12 meses. A meta é estimular pequenos negócios como salões de beleza, bancas de jornais e padarias. Mas informais como camelôs também podem se candidatar. As garantias serão dadas por fiador ou aval solidário.""
Atualizado:
Parceria do Instituto Pereira Passos (IPP) com o Sebrae-RJ, o mutirão ajuda donos de antigos comércios locais, como salões, bares e mercearias, a tirar o CNPJ e conseguir o alvará municipal. A mudança para o status de Empreendedor Individual (EI) significa a inclusão no sistema de Previdência Social e a possibilidade de vender para outras empresas, além de facilitar negociações com fornecedores.
Negócios em UPPs terão censo em 2012
— Em alguns territórios, praticamente dobramos o número de empreendimentos formalizados. Pode ser pouco do ponto de vista absoluto, mas do ponto de vista relativo é significativo — diz Ricardo Henriques, presidente do IPP, que responde também pelo projeto UPP Social.
Henriques diz que o Empresa Bacana está em fase de ajustes para atuar mais na pré e pós-formalização. Primeiro, sensibilizando moradores das vantagens jurídicas e econômicas de aderir. Depois, acompanhando e dando subsídios para que seus negócios não entrem na lista dos que voltam para a informalidade. Para isso o Sebrae criou iniciativas como o "Me formalizei. E agora?", com oficinas como planejamento financeiro e técnica de vendas.
Dono da Pizzaria Dugui, no Borel, Cristiano Rocha viu seu negócio crescer após a pacificação da favela. Em alguns fins de semana ele entrega até cem pizzas por dia, 80% para moradores da Tijuca. Aos 32 anos, ele conta que optou por se formalizar para conseguir uma máquina de cartão de crédito e atender melhor às encomendas do asfalto. Mas reclama da dificuldade em obter crédito como Empreendedor Individual:
— Preciso de R$ 15 mil para reformar a loja e começar a servir rodízio de pizza, mas o banco não aprova o empréstimo. Meu limite de crédito é maior na minha conta pessoal.
Na análise de Henriques, do IPP, o desenvolvimento do microcrédito produtivo orientado depende menos de recursos — já que parte do compulsório é destinado a ele — e mais da criação de uma cultura bancária voltada ao pequeno empreendedor. Ele destaca que a ascensão das classes C e D abriu um grande mercado consumidor para as microempresas, um mercado de grande potencial mas pouco alavancado.
— Indiretamente, o crediário de grandes lojas funciona como crédito à produção do pequeno empreendedor. Para competir, o banco terá que investir muito no agente de crédito que fideliza o tomador e trabalha no aval solidário — diz Henriques.
Coordenadora de programas do Sebrae-RJ em comunidades pacificadas, Carla Teixeira, diz que faltam dados precisos sobre o empreendedorismo nas favelas. Hoje, a ação do governo se baseia em dados do censo empresarial do PAC em Manguinhos, Alemão e Rocinha. Uma pesquisa encomendada pelo Sebrae ao Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) pretende responder a perguntas como perfil de clientes, fornecedores, gastos e serviços utilizados pelos empresários locais. O resultado de entrevistas com quatro mil pessoas sai em junho de 2012. Já a pesquisa qualitativa tentará apurar o potencial empreendedor dos jovens, casos de sucesso e o impacto da UPP nos negócios.
— Vamos mapear vocações e oportunidades de negócios nas comunidades, que podem ganhar polos nos moldes dos bairros da Lapa e de Botafogo — diz Carla.
Rio ganha linha estadual de microcrédito: Investe-Rio vai liberar R$ 1 milhão
A Secretaria estadual de Trabalho e Renda e a Investe-Rio assinam hoje, em evento da Semana Global do Empreendedorismo, no Circo Voador, um convênio para a oferta de crédito a microempreendedores. A linha terá R$ 1 milhão em recursos da agência de fomento, para capital de giro e investimentos em ampliação.
A ideia nasceu da constatação de que a busca de crédito junto ao sistema financeiro ainda é um entrave, diz o secretário de Trabalho, Sérgio Zveiter:
— A preocupação é com a geração de emprego e renda e formalização dos negócios, em especial nas UPPs.
Os postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) farão o cadastro preliminar para a contratação dos empréstimos, que irão de R$ 300 a R$ 6 mil. Os juros variam de 1,25% a 1,30% ao mês, com prazo de até 12 meses. A meta é estimular pequenos negócios como salões de beleza, bancas de jornais e padarias. Mas informais como camelôs também podem se candidatar. As garantias serão dadas por fiador ou aval solidário.""
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