Cristiano Rocha, dono da pizzaria Du Gui, no Borel, que está abrindo filial no Grajaú
Eduardo Naddar / Agência O Globo
Quase dois anos após o início da instalação das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs), a formalização ainda é uma realidade
distante para a maioria dos pequenos comerciantes das favelas do Rio. Se
em toda a cidade 70% da economia são de origem informal, nas
comunidades (pacificadas ou não), o índice chega a 90%. Levar a presença
do Estado para além da ocupação territorial continua sendo um desafio,
mas a Prefeitura do Rio comemora os resultados do Empresa Bacana. Em um
ano e meio, o programa formalizou 1,7 mil negócios em 12 das 19 áreas
pacificadas. A meta agora é avançar em favelas recém-ocupadas, caso de
Mangueira e Rocinha, e voltar às demais para garantir a sobrevivência de
seus empreendedores.
Parceria do Instituto Pereira Passos (IPP)
com o Sebrae-RJ, o mutirão ajuda donos de antigos comércios locais, como
salões, bares e mercearias, a tirar o CNPJ e conseguir o alvará
municipal. A mudança para o status de Empreendedor Individual (EI)
significa a inclusão no sistema de Previdência Social e a possibilidade
de vender para outras empresas, além de facilitar negociações com
fornecedores.
Negócios em UPPs terão censo em 2012
— Em
alguns territórios, praticamente dobramos o número de empreendimentos
formalizados. Pode ser pouco do ponto de vista absoluto, mas do ponto de
vista relativo é significativo — diz Ricardo Henriques, presidente do
IPP, que responde também pelo projeto UPP Social.
Henriques diz
que o Empresa Bacana está em fase de ajustes para atuar mais na pré e
pós-formalização. Primeiro, sensibilizando moradores das vantagens
jurídicas e econômicas de aderir. Depois, acompanhando e dando subsídios
para que seus negócios não entrem na lista dos que voltam para a
informalidade. Para isso o Sebrae criou iniciativas como o "Me
formalizei. E agora?", com oficinas como planejamento financeiro e
técnica de vendas.
Dono da Pizzaria Dugui, no Borel, Cristiano
Rocha viu seu negócio crescer após a pacificação da favela. Em alguns
fins de semana ele entrega até cem pizzas por dia, 80% para moradores da
Tijuca. Aos 32 anos, ele conta que optou por se formalizar para
conseguir uma máquina de cartão de crédito e atender melhor às
encomendas do asfalto. Mas reclama da dificuldade em obter crédito como
Empreendedor Individual:
— Preciso de R$ 15 mil para reformar a
loja e começar a servir rodízio de pizza, mas o banco não aprova o
empréstimo. Meu limite de crédito é maior na minha conta pessoal.
Na
análise de Henriques, do IPP, o desenvolvimento do microcrédito
produtivo orientado depende menos de recursos — já que parte do
compulsório é destinado a ele — e mais da criação de uma cultura
bancária voltada ao pequeno empreendedor. Ele destaca que a ascensão das
classes C e D abriu um grande mercado consumidor para as microempresas,
um mercado de grande potencial mas pouco alavancado.
—
Indiretamente, o crediário de grandes lojas funciona como crédito à
produção do pequeno empreendedor. Para competir, o banco terá que
investir muito no agente de crédito que fideliza o tomador e trabalha no
aval solidário — diz Henriques.
Coordenadora de programas do
Sebrae-RJ em comunidades pacificadas, Carla Teixeira, diz que faltam
dados precisos sobre o empreendedorismo nas favelas. Hoje, a ação do
governo se baseia em dados do censo empresarial do PAC em Manguinhos,
Alemão e Rocinha. Uma pesquisa encomendada pelo Sebrae ao Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) pretende responder a perguntas
como perfil de clientes, fornecedores, gastos e serviços utilizados
pelos empresários locais. O resultado de entrevistas com quatro mil
pessoas sai em junho de 2012. Já a pesquisa qualitativa tentará apurar o
potencial empreendedor dos jovens, casos de sucesso e o impacto da UPP
nos negócios.
— Vamos mapear vocações e oportunidades de negócios
nas comunidades, que podem ganhar polos nos moldes dos bairros da Lapa e
de Botafogo — diz Carla.
Rio ganha linha estadual de microcrédito: Investe-Rio vai liberar R$ 1 milhão
A
Secretaria estadual de Trabalho e Renda e a Investe-Rio assinam hoje,
em evento da Semana Global do Empreendedorismo, no Circo Voador, um
convênio para a oferta de crédito a microempreendedores. A linha terá R$
1 milhão em recursos da agência de fomento, para capital de giro e
investimentos em ampliação.
A ideia nasceu da constatação de que a
busca de crédito junto ao sistema financeiro ainda é um entrave, diz o
secretário de Trabalho, Sérgio Zveiter:
— A preocupação é com a geração de emprego e renda e formalização dos negócios, em especial nas UPPs.
Os
postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) farão o cadastro
preliminar para a contratação dos empréstimos, que irão de R$ 300 a R$ 6
mil. Os juros variam de 1,25% a 1,30% ao mês, com prazo de até 12
meses. A meta é estimular pequenos negócios como salões de beleza,
bancas de jornais e padarias. Mas informais como camelôs também podem se
candidatar. As garantias serão dadas por fiador ou aval solidário.""
Advogado; Especialista em Politicas Públicas, Estado e Gestão: Mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas. Um homem afável,de trato fácil, amigo, que ama viver! Flamenguista, Salgueirense, Petista até a medula,Tijucano de nascimento e Grajauense por opção.Amo o Grajaú, eta bairro mais bonito!!
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